Muitos
desafios precisam ser resolvidos quando se fala em exploração
espacial. Entre eles, devido a todas as fragilidades e necessidades
básicas do corpo humano, é necessário desenvolver
sistemas para prover alimento, ar, água, temperatura adequada,
meios de descartar dejetos, e de proteger a nós, astronautas,
dos perigos da radiação, da perda acentuada de densidade
óssea, e de outros problemas fisiológicos ligados
ao ambiente espacial.
Solucionar esses problemas completa e eficientemente significa
desenvolver equipamentos confiáveis, pequenos, leves, auto-suficientes
e que possam operar em condições extremas de temperatura,
pressão, radiação, vibração
e grandes acelerações. Isso é sempre uma
tarefa difícil, mas também pode trazer muitas recompensas
inesperadas.
No caminho das soluções finais no projeto desses
equipamentos, inevitavelmente, são encontradas também
algumas inovações extremamente úteis para
aplicação imediata no mercado. São os chamados
“spinoffs”. Produtos que não são objetivo
final dos referidos sistemas espaciais, mas que têm de ser
criados em algum estágio dos desenvolvimentos.
O Programa Constelação, por exemplo, sendo desenvolvido
pela NASA com objetivo de levar seres humanos à Lua e a
Marte, certamente fará uso de robôs também.
Muitos deles. Esses sistemas robóticos poderão trabalhar
na montagem, manutenção e verificação
de sistemas em ambientes e condições iniciais perigosas
demais para arriscar humanos. Provavelmente eles serão
“modulares”, isto é, por razões logísticas,
é mais eficiente que os mesmos sejam compostos por “blocos”
reconfiguráveis, e que essa reconfiguração
seja feita pelos próprios robôs ou por astronautas.
Essas máquinas “auto-reconfiguráveis”,
originalmente desenhados para coletar amostras e outras tarefas
“de outro mundo”, também podem facilmente ser
adaptados para funções médicas, respostas
de emergência e outras tantas aplicações terrestres.
Novas capacidades serão necessárias para trabalhar
e explorar as rarefeitas e distantes superfícies da Lua
e de Marte. A fina poeira que encontrarão será um
desafio para ambos: robôs e humanos. A possível exposição,
considerando missões de longa duração e invevitável
contato durante o período, poderá contaminar sistemas
de suporte à vida, danificar pulmões, componentes
mecânicos e elétricos. Novos materiais, revestimentos
e lubrificantes serão desenvolvidos para atender a essas
necessidades. Esses materiais irão também encontrar
aplicações em ambientes aqui no planeta, em algum
lugar entre o frio intenso e seco da Antártica e a poeira
quente do Sahara.
Outra área difícil para as explorações
da Lua e Marte será a geração de energia
suficiente, confiável e de grande duração,
para apoiar as operações necessárias. Isso
poderá ser feito por geradores de larga escala até
por baterias recarregáveis, células de energia e
outros recursos. Energia será essencial para todas as áreas
de habitação, sistemas de comunicação,
trajes, equipamentos portáteis, veículos e experimentos.
Assim, uma infinita demanda por baterias e outras “pequenas
soluções” será criada. Preparem-se
para os micro celulares!
Em resumo, os próximos anos, ou poderíamos dizer,
as próximas dificuldades, trarão muitas coisas “de
cinema” para o nosso dia-a-dia. Novidades estão surgindo
a cada segundo dos laboratórios das universidades, dos
centros de pesquisa e das indústrias de todos os países
que trabalham com projetos espaciais de ponta. É um desafio
constante com enormes recompensas para aqueles países e
instituições que têm a coragem de assumir
as possibilidades e riscos do investimento.
No Brasil, esperamos fazer jus à tal da “criatividade
do brasileiro”. Expressão que aparentemente nos orgulha
bastante, mas que certamente precisa ser apoiada por uma política
adequada de infra-estrutura e ser direcionada para aplicações
honestas e positivas....e o Programa Espacial é certamente
um campo aberto para isso! Contamos com os nossos administratores
e cientistas! Os resultados seguirão normalmente. Quem
viver, verá!
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